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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

mulher borboleta


Sabe aqueles dias em que você está "precisando" ficar irritada? Nesses dias, o legal é começar a remexer no baú das coisas desagradáveis, ali você encontra tudo o que precisa, o difícil é selecionar.

Depois da escolha feita - irrite-se à vontade. Não é tão ruim assim e você vai esvaziando o baú. Quanto mais pedras retiramos dele, mais leve fica. Só precisamos ter cuidado se ficar vazio, o que faremos nos dias que queremos ficar irritados?

Não sou masoquista, não guardo coisas desagradáveis por prazer, são elas que se escondem no meu baú. São sorrateiras, sombrias, escorregadias e, excelentes na arte de se tornarem invisíveis. São mais espertas do que eu, logo, não possuo controle algum sobre quem se esconde lá. Instalam-se e ficam maquinando coisas horríveis para me assombrarem, quando bem quiserem.

Hoje, meti a mão no meu baú e, aleatoriamente, retirei algo de dentro. Uma figura feminina. “Olhei e logo pensei:” tinha que ser essa borboleta?Logo me arrependi. Não deveria ter ofendido as borboletas. Há mulheres que parecem borboletas, uma embalagem linda, mas vazias por dentro. Pior ainda é que usam a camuflagem de borboleta, para esconderem a identidade real - um morcego hematófago.

Em defesa do morcego devo dizer que ele se alimenta de sangue e transmite doenças, por ser parte de sua natureza, ele não escolheu nascer assim. A mulher borboleta tem o livre arbítrio, ela escolhe ser morcego. O que será que leva uma pessoa que, aparentemente, possui tudo o que qualquer mulher anseia: beleza, admiradores, bom nível cultural e econômico, ser assim-tão má? Como ela tem a capacidade de desperdiçar tanto talento? É óbvio, que sendo má, tem poucos amigos. As pessoas se aproximam dela, como as mariposas dos postes de luz, atraídas pela luz, mas logo se afastam, pois os olhos acostumam se com a luz e, começam a perceber que todo o brilho escondia, na verdade, um morcego.

Fiquei pensando nela e logo fiz uma associação de ideias (odeio ideia sem acento). Lembrei de um professor russo, que estava no Brasil, lecionando numa universidade, através de um convênio. Fiz amizade com ele, apenas por curiosidade, queria informações da Rússia (ainda era no tempo da velha URSS), o que eu sabia sobre ela, aprendera com os americanos lá do norte, e todos sabemos como eles são não é?

Esse meu amigo russo, quando partiu, deu-me de presente uma boneca russa, aquela boneca tradicional, constituída por uma série de bonecas que são colocadas umas dentro das outras, da maior até a menor, a única que não é oca. Na verdade, achei meio bobo aquele presente, não sabia o que fazer com ele, mas guardei. Na verdade, até hoje não entendi o significado desse brinquedo e nem me preocupei em pesquisar.

Hoje, pensando na mulher borboleta, lembrei da boneca. Será que se retiramos todas as bonecas que escondem a última, a unica que não é oca, encontraremos escondidinha, zipada, a verdadeira natureza dessa criatura? Quem sabe se lá no fundo, bem no fundo, encontraremos algo que mereça vir à tona? Não podemos saber quais são suas dores, não sabemos que espinho espeta sua alma, causando uma dor constante, que a leva a ser tão egoísta e tão perversa! Ou então, é da natureza dela ser assim, não foi uma escolha, nesse caso, não há remédio, a natureza é poderosa. Podemos até tentar domar, controlar a natureza, mas há um dia, no qual ela se revolta, volta a sua origem. Sabemos bem quais são as consequências.

Eu, que estava a fim de me irritar, consegui foi um problema, aliás, mais de um. Primeiro, devo investir nela? Devo tentar descobrir o que se passa por dentro dessa criatura? Aposto que eu deveria ficar quieta no meu canto, mas sou tão teimosa.....

Pensar na mulher borboleta foi um sofrimento psíquico para mim, eu até me esforço em gostar dela, mas é difícil! Ela magoa muitas pessoas, as quais eu quero um bem enorme, essas pessoas não sabem se defender. Não que sejam incapazes, pelo contrário, são espíritos mais aperfeiçoados que o meu. Sinceramente? Eu não quero um espírito aperfeiçoado. Eu quero continuar e me revoltar contra as injustiças, as coisas erradas. Faz parte de minha natureza não ser "tão boazinha" assim.

Continuando a associar ideias, lembrei de algo lindo, em relação à borboleta. Fui com minha família, visitar o Parque Estadual do Turvo, lá no Rio Grande do Sul, na divisa entre o Brasil e a Argentina. Nesse parque fica o Salto do Yucumã, a maior queda longitudinal do mundo, com 1880 metros de extensão. Eu sou uma pessoa absolutamente urbana, andar no mato não é algo que eu aprecie fazer seguido, mas foi um dia maravilhoso. O Salto nem chamou muito a minha atenção, as borboletas sim. Eram centenas, todas pequenas, todas brancas. Elas esvoaçavam ao nosso redor e repentinamente, pousavam nas poças de água e ficavam bebendo. Eu nunca havia pensado se borboleta bebia ou não água. Hoje eu sei que borboletas bebem até sangue. Quem sabe essa mulher borboleta é desse tipo? Uma borboleta que gosta de sangue. Tirei a do meu baú! Que se dane (essa sou eu, nada boazinha)!


Café?

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