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domingo, 21 de novembro de 2010

não gosto de preto, e daí?



Calma aí ! Antes de querer me processar, leia o texto !

Eu não gostar de preto, amarelo e vermelho me torna racista ou preconceituosa? Ou os dois? Há diferença entre eu dizer que "não gosto de preto" ou "eu não gosto de negro"? Negros são os afrodescendentes, amarelos são os chineses e os índios norte-americanos sempre foram chamados de pele vermelha. E agora ?

Esses dias, eu disse a uma balconista que não queria a blusa que ela insistia em me vender, por não gostar de preto. Ela me olhou furiosa! Não posso mais dizer que não gosto da cor preta? Ah, me poupe, as coisas estão indo longe demais! Não uso roupa preta, não gosto e, enquanto não for proibido não gostar de roupa preta, não vou usar e ponto final!

Sei que alguém dirá que preto é a cor e negro a raça. Mas há algo errado nisso, já comprei um chocolate que tem o nome fantasia de "Diamante Negro", ora diamante não é gente, é pedra. Há uma pérola rara e por isso mesmo caríssima, a " pérola negra". Pérola não é gente. E o "preto velho", quem já não ouviu falar ? Pois é, o preto velho é um homem, então não se sustenta a teoria de que preto é a cor e negro a raça. Não no uso popular.

Falar em "preto velho" lembrei do tio Barnabé, da tia Nastácia, do Saci, figuras simpáticas e adoráveis da obra de Monteiro Lobato. O coitado do Lobato está ameaçado de ser processado, banido da vida das crianças, por ser preconceituoso. Essa história está indo longe demais! Transcrevendo, fielmente , a opinião de uma vereadora baiana : "Lobato, de fato, é um grande nome da literatura nacional, o que não impede de ter pés de barro, ou aversão ao barro negro. Toda forma de escravidão deve ser rechaçada em nome da humanização social". Quando eu li essa história, pela primeira vez, não me preocupei com as diferenças entre brancos e negros, isso não existia na minha cabeça ! Foi colocada mais tarde e não por influência do livro.

Salvador preconceituosa ? Imagina ! Imagina se não ! É preconceituosa sim. Seria o último lugar do Brasil, que eu esperaria encontrar esse tipo de comportamento! Nem posso dizer que a coisa por aqui está preta, isso é preconceito!

Acho muito importante lembrar que Salvador tem uma população formada por 90% de afrodescendentes (palavra politicamente correta). Desses, uns 20% se consideram brancos,10% são xiitas e os demais são felizes e têm orgulho da cor e das raízes. Estatística baseada apenas no que leio por aqui, sem fundamentação científica !

Quem vier visitar Salvador, precisa tomar cuidado só com esses 10%, são raivosos, se sentem injustiçados, odeiam os brancos opressores (lá ele), nessa categoria estão incluídos os burgueses (a elite, como eles dizem), o pessoal do sul e do sudeste. Depois da fala do Lula, os loiros de olhos azuis também. Mas como fica a situação do carioca, governador reeleito dos baianos, que é loiro e tem os olhos azuis ? O cara nem é baiano ! É, pensem num absurdo que na Bahia há precedente, como dizia Mangabeira, um governador baiano. Homem sábio esse Mangabeira !

Aviso aos turistas, melhor esquecerem de chamar o "bem querer" de vocês de "neguinho(a)" ou "negão", enquanto estiverem por aqui ! Se cair nos ouvidos errados, poderão ser processados por racismo. Os afro poderão chamar vocês de 'branquela" ou "branco azedo", a acusação por racismo só vale para os afrodescendentes. Afinal, se você foi chamado de "branco azedo", automaticamente, caiu na categoria "opressor". Fica quieto e não reclama !

Os jornais daqui colaboram para incentivar o racismo e o "pobrecoitadismo". Diariamente alguém é executado na periferia, gente jovem, adolescentes, entre eles, algumas meninas, vitimas da guerra sem fim do tráfico. A manchete sempre ressalta - jovem negro (eles podem dizer), pobre, excluído. Mas esse jovem negro, pobre e excluído é morto pelo traficante negro ou pela policia negra.

No sul e sudeste, o jovem é o mesmo, só muda a cor - branco, pobre e excluído. Jovem branco morto pelo traficante branco ou pela polícia branca. A mesma miséria social, a diferença está na cor. O governo nada faz para mudar essa situação. O Lula culpa a elite, bem a cara do PT mesmo, a culpa sempre é dos outros. Fernando Henrique que o diga!

Quando abro um jornal e encontro um artigo assinado por um antropólogo, sociólogo, filósofo ou historiador, sei que vou ler sobre a opressão dos brancos (sempre chamados de elite, como se todo branco fosse rico) sobre os afros. Imagino o que isso não faz na cabeça dos 10% xiitas ! Eu adoraria dizer a esses senhores que não faço parte da elite, devo ser mestiça e jamais fui a África caçar guerreiros de tribos inimigas para vender. Eu não aceito essa culpa !

Cada dia, quando abro o jornal, leio coisas absurdas (Ah governador Otávio Mangabeira, você era o cara ). Esses dias, até mesmo um simples comentário sobre futebol, provocou uma reação violenta de uma pedagoga (elas são raivosas mesmo, as teorias que elaboram nos gabinetes nunca são proveitosas na prática) pelo uso da palavra "preta" em relação a situação de um time de futebol. Daqui a pouco, em vez de doze, as caixas de lápis de cor, terão onze lápis, um precisa cair fora.

Ir ao estádio de futebol vai deixar de ter graça, já pensaram, assistir o jogo e, não poder xingar o juiz, dizendo que a mãe dele exerce a mais velha profissão do mundo? A torcida terá que se comportar como coral de igreja. Nada de cantar o hino dos bambis em campo! Affffffff

O racismo, o fanatismo, a intransigência é como um câncer. Vai corroendo aos poucos, causando muita dor ! Mas não são as leis, as ameaças de punição, os processos que mudarão isso, só a educação tem esse poder de mudar comportamentos.

O que os pais estão deixando de cumprir, é com a educação de seus filhos. Eles não se conscientizaram ainda, que é em casa, inicialmente, que o respeito pelas diferenças deve ser ensinado. Aliás, os pais não estão se preocupando em ensinar nada, nem o respeito por eles mesmos.

Num país mestiço como o nosso, fica meio complicado dizer o que é branco. Branco total mesmo só o OMO oferece. Sei lá, acho complicado demais toda essa situação e, muito perigosa!

Não sei, mas fiquei pensando cá com meus botões, acho que vou exigir o dia da consciência mestiça e ser chamada não de branquela mas de euro-descendente ou como os cães vira latas SRD - sem raça definida.

Que tal na minha RG- cor: SRD?

A música é a que gosto, música sempre me faz feliz, seres humanos estúpidos não!

Café?


2 comentários:

  1. Boa, Tariza. O Brasil é um país mestiço e, em sua maioria, formado por negros. E como tu mesmo falou, "Branco" só mesmo o OMO Dupla Ação. E, na verdade, o homem mais branco do mundo era o Michael Jackson, que era negro. Para ver como tudo é subjetivo. Que loucura, né?

    Quando tu começou a falar de vestir preto, lembrei o Roberto Carlos, que adora o branco.
    Eu, por exemplo, só me sinto bem vestido de preto. Se estou vestindo qualquer outra cor, não consigo me sentir a vontade.
    Acho a cor muito elegante, misteriosa, discreta e neutra.

    Já a minha mãe, diz que eu pareço mais um urubu. rsrsrs

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  2. O preto me deprime, associo a luto. Gosto de tudo suave ! Se o preto for suavizado, vira cinza, deixa de ser preto. Não gosto de branco também e detesto o Roberto Carlos.
    Concordo com você, o preto é elegante e às vezes sexy também, mas me sinto mal vestida de preto.
    Detesto o preto, o Roberto Carlos, entre outros, mas odeio o "non sense" dos seres humanos.
    Vestir preto é um estilo de vida, questão de personalidade.
    O urubu, quando nasce tem a penugem bem branquinha, nas minhas molecagens infantis, já invadi o ninho de um deles,haviam dois filhotes.
    Acho que a vida vai escurecendo as penas deles...rsrs
    Espero que o Moreira Lima tenha enchido de felicidade seu coração!
    Um abraço amigo!

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