Não me fascina esse mundo moderno e toda sua tecnologia. Ela
apenas afasta as pessoas que passam a viver num mundo ilusório onde tudo é
possível, mas nada é real. Falo especificamente das redes sociais. Logo que
criei meu blog, uns meninos perdidos me encontraram por aqui. Se apaixonaram
pela imagem da moça sonhadora do blog e me deram bastante trabalho.
O mais interessante
neles, que dentro do delírio de cada um, eram sinceros. Mandavam e-mail
profissional, todos com ótimos empregos, boa aparência, curso superior. Um
adulto profissional mas uma criança imatura emocionalmente. Eu não conseguia
entendê-los. Não havia a menor lógica, do meu ponto de vista, no comportamento
deles. Como eram educados e gentis, eu apenas ralhava com eles e dava
conselhos. Eles, absurdamente, não acreditavam que eu poderia ser mãe deles. Entendi,
finalmente, que não queriam que a verdade fosse verdade. Eles queriam a ilusão.
Loucura total! Inexplicável para mim, naquele tempo.
Hoje, eu
compreendo aqueles meninos. Eles sofriam de um problema que a meu ver, afeta a
população - uma séria carência afetiva. É impressionante observar que essa
carência não é prioridade das pessoas mais idosas, ela se instala em todas as
idades, independente de estado civil também. O amor, definitivamente, não é
mais eterno nem mesmo enquanto dure.
No facebook,
acompanho os amores e os desamores das pessoas. Ele funciona como o divã
de um analista para muitos. Vejo declarações de amor eterno, tão intensas e
fortes, que eu fico condoída pelo sofrimento daquela alma, quando o
"amor" mostrar a verdadeira face. Se eu amo alguém profundamente,
intensamente, preciso gritar para o mundo? Será que não acordarei as divindades
da inveja e do ciúme? Fico até supersticiosa, silenciosamente, bato três vezes
na madeira, por aquela criatura inconsequente. Eu não quero vê-la desmoronar de
dor, uivar para a lua ensandecida, se perder aquele amor e precisar mudar de
status. É muito importante marcar o status no facebook - "em um
relacionamento sério", esse status, numa segunda-feira qualquer, pode
mudar para "solteiro (a)" Nesse caso haverá choro e ranger de dentes
até encontrar um novo amor ou reatar com o antigo mesmo. As mulheres reclamam
da inconstância e infidelidade dos homens, da falta de compromisso e seriedade
deles. Eles reclamam usando palavras mais fortes ainda. Um dia desses, li uma
frase que me chocou - "O amor está difícil e as mulheres mais ainda, mais
fácil ser gay, pelo menos vou ter com quem conversar sobre futebol, pelo
menos" Olha o desencanto do moço que já estava até pensando em mudar a sua
opção sexual para não se sentir sozinho. Entristeceu-me o desencanto, a
carência afetiva e a solidão dele. O que será que as pessoas entendem por amor,
hoje em dia? Até o "eu te amo", que no meu tempo era coisa séria,
hoje, é banal. Como um "bom dia" qualquer.
Tudo bem sou
saudosista mesmo! Gostava do namoro antigo onde, passo a passo, se unia as
peças do grande quebra cabeça que é a vida a dois. As peças eram unidas e
coladas. Não se perdiam, não eram levadas por um vento qualquer. Quando se
encontrava a pessoa certa, o maior sonho era dormir de conchinha, para sempre. Melhor
que o sonho era acordar no dia seguinte e saber quem estava abraçado em você.
Todo esse devaneio
foi causado por uma notícia que li no jornal. A novidade surgiu nos Estados
Unidos, com certeza logo estará aqui, a mais nova profissão no mercado, Sabe
qual é? Cuddler Professional, numa tradução livre - uma chamegadora
profissional. Lá, por aquelas bandas há pessoas pagando algo em torno de
R$120,00, por hora, para ter afeto e ser acolhido, basicamente para dormir de
conchinha. Essa foi a forma que uma moça arrumou para pagar seus estudos. Não
há sexo, nem são permitidos toques íntimos. Os pagantes são proibidos de tocar
nas partes do corpo cobertas com roupas e ela está sempre de pijama. Ela chega
a dormir até com 60 pessoas por semana, incluindo mulheres, ou seja lá quem
for que esteja carente.
De acordo com a
psicóloga Sheyna Vasconcelos a "nossa sociedade exige que estejamos
namorando ou casados, como se isso fosse garantia de plenitude afetiva."
Para a profissional, "as redes sociais também exacerbam a carência
afetiva. Nessas redes, todo mudo é muito feliz, se diverte muito, tem muitos
amigos, muitos programas e se as pessoas não estão nesse grupo ou não vive esta
mesma situação se sente excluída e, consequentemente, mais carente".
Que mundo terrível!
Eu vivi num mundo, onde felizmente, não precisava pagar por afeto e dormia de
conchinha com o homem que escolhi, na nossa cama.
Café?
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