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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

inquietude



Ou você cria asas e voa ou vai passar a vida toda se perguntando como é ver a terra lá do alto. Eu sempre arrisquei e fui em frente. Há algo dentro de mim que não me permite parar. Mesmo que eu não queira sou impulsionada a ir em frente. Esse "algo" parece uma voz sussurrando nos meus ouvidos- vá em frente. Se ouço vozes serei esquizofrênica? Não, não sou! Eu disse “que apenas que parece uma voz”. Poderia ficar sentada apenas observando o mundo. Gosto de observar mas acho essencial participar. Aí começam meus problemas.

Como participar se não me interesso mais pelas pessoas? De modo geral são todas previsíveis e isso me cansa. Gosto do imprevisto. Não preciso saber tudo, preciso descobrir coisas novas. Adoro chegar cedo ao aeroporto só para ficar observando as pessoas. O que mais gosto nelas é que não as conheço, então, posso criar uma vida diferente para cada uma. Nessa vida que "crio" para cada uma, são todas interessantes. Falam sobre seus mundos diferentes, sobre suas viagens, suas leituras, emoções, frustrações, enfim, sobre coisas que me interessam.

Não há nada mais frustrante do que conversar com uma pessoa que esteve em São Paulo, Buenos Aires ou Paris e elas falarem apenas sobre restaurantes, compras, lugares elegantes que foram, coisas engraçadas que viram e voltam para os restaurantes e a saudade que sentiram do feijão com arroz de todo dia. Eu gosto também de voltar para casa, para o conforto do meu ninho, mas não sinto saudade. O meu espírito quer mais! Eu aprecio lugares e restaurantes sofisticados, no entanto, não são minhas prioridades. Elas me aborrecem citando todos os itens que adquiriram, comparam preços, valor das moedas. Eu fico quieta ouvindo (na verdade fingindo que estou ouvindo) pacientemente e concordando comigo mesma - perda de tempo irrecuperável - o tempo perdido não volta mais e nem se recupera. Vontade de mandá-las para a 25 de março! Eu sou uma pessoa que sequer olha vitrines. Não gosto, não me interessam e não tenho paciência.

Há dias que meu espírito extrapola os limites do meu corpo, então fica espremido dentro dele e isso me causa agonia, inquietude, sensação de ter tido as asas cortadas e nunca mais poder voar. Sinto o desejo insuportável de me libertar. Esse meu "me libertar" inclui as pessoas. Se eu me afastar, totalmente, delas ficarei isolada, presa numa ilha sem esperança de ser resgatada. Não tenho medo da solidão, nunca me sinto só, o meu mundo interior já é bem povoado com meus sonhos. Há um lado positivo na solidão, ela propicia o meu encontro comigo mesma. Nesse momento sou eu mesma, in natura. Eu não sou uma ilha, gosto de me ver como um arquipélago sobre o qual meu espírito sobrevoa. Então qual seria o motivo das pessoas estarem me aborrecendo hoje? Sempre sinto falta de uma certa competência para mentir, ajudaria e muito!

Hoje estou inquieta, quero algo que não sei o que é. Quando me sinto assim preciso me isolar, ficar quieta, me ocupar com algo que prenda minha atenção. Mas não encontro. Quero voar, mas minhas asas pesam, parecem de chumbo. Estou acorrentada, como Prometeu, mas felizmente não pela eternidade, eu espero. Hoje não consigo decolar, ver o mundo lá de cima, ter um novo ponto de vista e em total segurança. A música, que sempre me acalma está me irritando.

Raramente fico zangada comigo por ter uma alma tão inquieta e errante. Levar a vida tão à sério é um erro, precisamos rir com piadas idiotas, conversar sobre futilidades, criticar o governo e não fazer nada (só a crítica pela crítica), falar sobre compras inúteis, olhar fotos e mais fotos dos amigos, dos conhecidos, da família e achar todas lindas (mesmo não sendo), coisinhas banais assim, porém normais, no dia a dia de todos. Não consigo! Estou sempre voando contra a corrente do ar. Quando estou assim, preciso me isolar, para minha própria segurança. Se normalmente já preciso manter meus pensamentos numa coleira, neste estado posso soltá-los e seria mal compreendida. Nem seria justo com os outros. Iria contrariar o que estou sempre afirmando e defendendo - o direito dos outros pensarem diferente de mim. Não existem critérios ou padrões de avaliação para dizer quem está certo ou errado. Nem sempre acho que estou certa.

Hoje eu queria voar, ir em frente e não estou conseguindo, até a porta do meu mundo de sonhos está fechada.

Café?



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