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terça-feira, 16 de agosto de 2011

maila


Confesso que tenho um trauma de adolescente. Sempre, quando eu saia da escola e achava algum filhote de cão ou gato, pegava e levava para casa. Eles não duravam dois dias lá em casa. Minha mãe não permitia que tivéssemos animais. Nunca encontrava os bichos no dia seguinte, mas não desistia da ideia de amolecer o coração de minha mãe. Continuava a pegar os animais abandonados.

Num dia chuvoso e frio, encontrei mais um cãozinho abandonado. Preto, magro, feio e com várias feridas. Olhei para ele e pensei duas vezes. Pensei na minha mãe. Não resisti, levei para casa. Era uma sexta-feira, eu estaria em casa todo o fim de semana, poderia cuidar dele. Dei banho, cuidei das feridas, alimentei e ele não parava de chorar. Enrolei num blusão velho de lã, como se fosse um bebê e ficava com ele no colo. Queria que parasse de chorar para não irritar mais ainda minha mãe. O cachorrinho não colaborava. Até dormindo chorava. À noite, fui comunicada - ele não dormiria dentro de casa! Foi preso no banheiro da área de serviço. Amanheceu morto. Culpei minha mãe! Nunca mais me interessei por cães ou gatos. Pelo contrário, passei a detestá-los. Não permito que cheguem perto de mim.

Anos mais tarde, recém casada, chega meu marido em casa, sorridente e feliz, dizendo que tinha uma surpresa para mim. Um presente de grego! Nas mãos dele, uma bola de pelos brancos e pretos. Com nojo, um sorriso amarelo, fiz toda a festa que ele esperava. O cão era esperto e me compreendeu. Nunca chegava perto de mim, só entrava em casa, quando meu marido chegava! Ai, o danado do cachorro fazia a festa, como se me desafiando. Só consegui me livrar dele quando meu filho nasceu. O cachorro ficou curioso demais. Queria ver o que choromingava no berço. No dia em que ele quase virou o carrinho com meu filho, selou o destino dele. Foi com um sorriso meio maquiavélico que o vi ser retirado de dentro da minha vida.

Minha alegria durou pouco. Nasceu minha filha, agora eram duas crianças. Quando ela fez dois anos, lá veio o pai com outra surpresa, aliás, duas. Cada um recebeu um filhote de presente. Os dois tinham a mesma paixão do pai por cães. Eles são do tipo que beija cachorro. Eu continuava pensando a mesma coisa. O pior nessa história toda é que eu não tendo cão, era a responsável por eles. Ficava com a pior parte, eles só com o lado bom - brincavam e faziam carinho.

Desfilaram por minha casa várias "marcas" de cães. Desde os vira latas até os cães de raça e caríssimos. Mas convivemos bem, eles não entravam em casa, quando eu estava sozinha, nem chegavam perto de mim! Parecia haver um acordo tácito entre nós.

Um belo dia, quando vi, as crianças cresceram e não tinhamos nenhum cachorro! Morrera de câncer a cadelinha de estimação deles. Era uma poodle, o cachorro mais estressado, mais enjoado e roedor do mundo. Para essa, tive que provar que eu era a chefe da matilha e não ela. Foi um trauma, parecia terem perdido uma irmã. Fiz um longo discurso para os três, achava o comportamento deles inadmissível! O que para eles foi um período de luto, para mim foi de alegria! De acordo com as palavras deles, não queriam mais saber de cachorros. Eu acreditei, aliviada.

Meu filho havia viajado para Rivera e estávamos ansiosos que ele voltasse, viria para casa no fim de semana. Quando ouvimos o barulho do carro dele, corremos para o portão da garagem, eles desceu sorrindo e seus olhos azuis brilhavam. nem cumprimentou a irmã e nem o pai. Olhou para mim e disse: "_Olha que coisa mais linda mãe!" Tirou de dentro do carro, uma cachorra preta, magra, orelhuda, desajeitada e feia. Olhei em estado de choque. Os outros dois correram, antes de abraçá-lo, foram fazer festa para aquele bicho feio.

Foi assim que Maila entrou na minha vida! Meu filho para me amansar, começou a exaltar as qualidades do animal. Dizia que não era um cão qualquer, era tatuada. Pra mim, isso não significava nada. Logo perguntei:

- E daí? O que isso significa? Ela é estivadora no porto, marinheira ou marginal? Tatuagem, para mim significava apenas isso. Ele me olhou indignado! Era pura, uma cadela dinamarquesa. Se eu soubesse o que era um cão dinamarquês, aquele animal jamais teria entrado na minha casa.

Mas a Maila entrou e me conquistou. Lembrei do cão que morrera. Ela era tão feia e desajeitada quanto ele. Deu-me muito trabalho! O veterinário forneceu um cardápio, comia melhor que muitos bebês. Operou as longas orelhas. Por milagre, ficaram pontudas e em pé. Ela requeria mil cuidados. Mas eu estava apaixonada por ela.

O limite dela era uma área envidraçada, que eu chamava de jardim de inverno. Gostava de sentar lá e ficar ouvindo música ou lendo. Meu jardim era lindo e havia mil beija-flores revoando ao redor dos bebedouros. A Maila olhava para eles e não demonstrava nenhum interesse. Ela deitava a meus pés e ficava quietinha. Ela decidiu que era minha.

O melhor amigo dela era um gato amarelo que apareceu por lá. A primeira vez que o vi, ele estava dentro da boca da Maila. Fiquei apavorada. Era uma brincadeira deles. Ela passeava ao redor da piscina, com o gato na boca. Dormiam juntos. Estavam sempre juntos. Seu esporte preferido era caçar ratos. Todas as manhãs, ela colocava na minha porta o resultado de sua caçada.

A Maila cresceu. Os limites do meu jardim já não eram suficientes para ela. Saíamos a caminhar. Ela caminhava encostada em mim. Não latia, não dava a menor importância para os latidos dos demais cães. As pessoas tinha medo dela. Ela era dócil e meiga, mas os outros não acreditavam. Eu tinha consciência de que se ela quisesse correr atrás de alguém , não teria força para segurá-la.

Um policial militar acabou com nossos passeios. Estávamos andando calmamente quando ele nos parou. Disse que eu não poderia conduzí-la sem uma focinheira. Ao falar isso, levantou a mão, Maila interpretou como agressão e se posicionou para atacar. Pedi a ele que baixasse a mão e não corresse.Ele obedeceu e, na mesma hora ela relaxou. Não saímos mais a caminhar, embora ela pedisse insistentemente.

Precisei me afastar dela. Lá se foi a Maila para um local onde havia muito espaço para correr. Sempre eu ia visitá-la, ela chorava quando me via e chorava quando saia. O veterinário achou melhor que eu me afastasse para ela se apegar aos novos donos. Fui gradativamente me afastando. Ela ficou bem.

O que me levou a pensar nela foi a postagem de uma amiga. Achei muito agressiva. Se a postagem foi agressiva, os comentários raivosos. Eu me apaixonei pela Maila, mas ela era apenas um animal, adorável mas animal. Prefiro meus amigos humanos que talvez não sejam tão leais e carinhosos como ela, mas são da minha espécie. Vejam a postagem:

"Para quem visitar a minha casa e reclamar dos meus gatos e cães, eu explico:

1º) Eles moram aqui, você não !

2º) Se não quer pelos na sua roupa, não venha me visitar!

3º) Para você é um animal. Para mim são familiares peludos que caminham em quatro patas, comunicam e sentem como as pessoas sentem."

Eu hein ....!!!! Uma música legal para relaxar.

Café?




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