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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

dançar ao luar




Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora.
A casa fica bem melhor assim

Pois é, andam me acusando de só gostar de músicas em inglês, em parte é verdade, mas gosto de algumas banda brasileiras, por exemplo Os Paralamas do Sucesso. Mas não é sobre minhas preferências musicais que quero falar hoje.

Mais um ano se passou, como não pulo as sete ondas, não guardo sementes de uva na carteira, não uso esta ou aquela cor, de acordo com o orixá que regerá o novo ano, não sou supersticiosa, decidi tomar algumas atitudes em relação ao novo ano. Atitudes práticas.

Fiquei impressionada com a minha capacidade de guardar coisas que não preciso ! Hoje acordei com o desejo de liberar espaço para coisas novas, cores novas, emoções diferentes. Decidi limpar as gavetas da minha casa e da minha alma. A nova ordem é: abrir espaços !

Comecei pelas fotografias. Como diz a música, a minha vida passou por mim naqueles registros.Tantos sorrisos, tanta alegria, momentos que foram significativos, mas que o tempo desgastou. Aqueles sorrisos não me dizem mais nada, aquelas pessoas apenas passaram pela minha vida, não deixaram marcas. Rasguei muitas fotografias, enchi sacos e mais sacos de lixo, com fotografias que apenas ocupavam espaço, nas minhas gavetas, não no meu coração. Me libertei das pessoas que já foram embora e eu ainda mantinha aprisionadas naquelas fotos. Guardei as que me emocionam, as que eu amo, as que marcaram a minha vida. Foi uma sensação tão boa !

Eu tenho o péssimo hábito de guardar tudo ! Flores murchas entre páginas de livros, rosas, orquídeas, cravos, outras que nem identifico mais pela forma mas que estão gravadas no meu coração. Flores secas, sem cor, sem perfume, mas ao olhar cada uma delas, eu via o momento em que as recebi.Tornei a vê-las como no dia em que me foram ofertadas. Me deslumbrei com as cores, fiquei inebriada pelos perfumes. As flores deixei onde estavam, cada uma estava ligada a um momento especial.

Adorei visitar meu passado lendo as cartas que recebi e carinhosamente guardei. As cartas são todas significativas, algumas do meu pai, que sempre escreveu em letra de forma (eu costumo fazer o mesmo), e as outras, cartas de amor.

E os bilhetes? Esses merecem uma referência especial. Guardei os que recebi e os que mandei. Acredite ou não mas já mandei bilhetes, provocativos, carimbados com batom (que coisa mais linda ) ! Tínhamos o hábito de trocarmos bilhetes quando em almoços ou jantares formais e chatos. Não sei se há alguma explicação razoável, mas os homens sentavam de um lado da mesa, as mulheres do outro( nossos pés se procuravam em baixo da mesa e falavam também). Aqueles eventos que costumávamos ir, por obrigação. Nem todos bilhetes são publicáveis . Muitos deles escritos em guardanapos de restaurantes. Poderia fazer meu roteiro gastronômico com aqueles bilhetes. Às vezes estávamos sozinhos à mesa, mas trocávamos bilhetes, não queríamos que os garçons ouvissem o que estávamos pensando e tão pouco os vizinhos de mesa. Trocávamos bilhetes quando estávamos em reuniões enfadonhas, solenidades chatas, rabiscados em pedaços de papel, até mesmo rasgando a ponta de um folder, de uma agenda. Nesses bilhetes haviam fofocas, críticas aos organizadores do evento, as autoridades presentes e até aos palestrantes. Os meus sempre terminavam assim :"Vamos embora? Se você não for, eu vou ". As respostas dele sempre eram no sentido de me acalmar :"Um pouquinho mais de paciência e vamos juntos". Nem sempre sentávamos juntos e nossos bilhetes percorriam muitas mãos, até chegarem as nossas. Reli emocionada alguns, ri muito com outros. Guardei todos.

Convites de formaturas, casamentos,bodas de ouro, bodas de prata ( até mesmo um desconvite de casamento eu guardei, o noivo descobriu que a noiva gostava de compartilhar os carinhos que ele pensava serem só dele), batizados, aniversários, cartões de Natal, Páscoa, tudo isso eu guardava. Há alguma lógica em guardar essas coisas? Foram para o lixo! Estou falando das pessoa que não foram significativas.

Eu quero espaço na minha vida para coisas novas e significativas. Abri meus armários ! Quanta coisa comprei e não uso e nem pretendo usar. Foram todas para o chão ! Até mesmo um vestido longo, bordado, de festa . Uma extravagância minha, ele é azul e eu não gosto de azul. Por falar em extravagância, lembrei de uma raposa prateada que enquanto não ganhei não sosseguei. Sabe quantas vezes usei? Uma. Isso mesmo, uma vez. Comprei para ir a uma festa muito importante, de gente muito rica e eu não queria destoar das demais convidadas. Nem olhei para aquele bicho direito, ele apenas era o objeto de meu desejo, no momento. Ela fez sucesso na festa e um rombo em nosso orçamento. Me senti bem com aquele bicho pendurado nos meus ombros? Não, definitivamente não ! Ela foi muito elogiada por todas aquelas mulheres na festa, então resolvi olhar com mais carinho para ela, foi um choque ! Quando me dou conta, estou olhando nos olhos do bichinho. Acabou a festa para mim, me senti muito mal. Felizmente ela foi roubada e jamais recuperada ! Voltando ao meu armário, ele ficou cheio de espaços vazios. Até mesmo as roupas que eu guardava, por motivo afetivo, joguei no chão.

E os sapatos ? Que mulher não gosta de sapatos ? Eu adoro e gosto que eles tenham griffe. Já comprei sapato barato, eles machucam meus pés, nunca usei. Já tive mais de cem pares de sapatos e usava apenas dois ou três, foram roubados também, mas eu estava com uma boa quantidade novamente. Fiquei apenas com os que uso ou pretendo usar.

Esse meu "bota fora" pode parecer mais uma extravagância, mas não é. É uma mudança de atitude. Preciso melhorar como pessoa , então me despi de minhas vaidades. Vou virar uma monja? Não mesmo, apenas vou ser mais comedida. Todas as coisas que expulsei de minha vida não me fazem mais feliz, mas elas poderão alegrar outras pessoas. Serão doadas para um bazar beneficente.

Toda a energia parada não nos beneficia, coloquei a energia em movimento. Percorri todos os ambientes da casa, fui eliminando energias negativas. Quando terminei e retirei todas essas coisas de dentro do meu apartamento, me senti bem melhor e casa ficou melhor assim também.

O que eu quero para o próximo ano é não perder a capacidade de sonhar. Não quero perder a esperança, não quero viver fechada no meu mundo interior, ele é muito acolhedor, mas me distancia da vida real. Eu quero ser mais tolerante não só comigo mesma mas principalmente com os outros. Não quero ser prisioneira do meu passado, ele foi absolutamente pleno de felicidade, adorável, mas não posso deixar que ele me impeça de ter olhos novos para coisas novas. Eu preciso continuar tentando ser feliz, embora de forma diferente. Eu quero realmente um novo ano e para isso não posso continuar a cometer os mesmos erros, como disse Oscar Wilde.

A todos os meus amigos, velhos e novos, desejo que jamais percam a capacidade de sonhar ! Que o próximo ano seja cheio de espaços vazios a serem preenchidos com coisas que realmente os tornem felizes e realizados.

Vamos expulsar os militares e dançarmos na lua?

Café?

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