sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
inquietude
terça-feira, 13 de novembro de 2012
dormir de conchinha.
domingo, 4 de novembro de 2012
hoje é domingo
segunda-feira, 23 de abril de 2012
trago você no olhar
Olhos fechados pra te encontrar
Já disse várias vezes que o objetivo deste blog seria o de permitir que eu largasse as pedras que carregava, pelo caminho. Nunca foi minha intenção partilhar com ninguém. Acredito que estava mentindo, se não quisesse compartilhar, escreveria no papel e guardaria numa gaveta, fechada a sete chaves. Sempre achei estranho o comportamento dos seres humanos, como me incluo nesse grupo, faço parte desse grupo estranho, logo, tudo se justifica por si mesmo.
Hoje estou às vésperas do dia que mudou minha vida para sempre. Não estou triste. O sentimento é outro. È saudade, é pensar em borboletas, elas são tão efêmeras. Vivem tão pouco, porém encantam nossos olhos com sua beleza, com suas cores, com seu vôo elegante. Tudo muito suave, tão belo! Gosto desse mundo suave. Não consigo me adaptar a roda do tempo, ela é muito rápida. Parece que foi ontem que meu mundo desabou.
Não estou ao seu lado, mas posso sonhar
Nunca fui fraca e tão pouco medrosa. Sou guerreira! Após o terremoto, revirei os escombros, salvei o que era importante, removi os entulhos e comecei a reconstruir. Assim que precisa ser. Chorar sobre o caos não resolve nada. Não muda o momento em que tudo aconteceu. Não vou dizer que é fácil. Não se usa escavadeiras para remover os entulhos emocionais. Tem que ser com as mãos. Quebrar as unhas, sangrar os dedos e gemer de dor nas costas. Só nas costas não, no corpo todo. O que mais dói é o coração. O que dificulta são as lágrimas, elas nos cegam e nos fazem parar várias vezes para enxugá-las. Seria um trabalho para Hércules, porém, executado por uma borboleta. Mas eu consegui!
Aonde quer que eu vá, levo você no olhar.
Às vezes, a dor é tão grande que precisamos de um refúgio, um lugar seguro, protegido de abalos sísmicos emocionais. Eu me voltei para os sonhos, para a minha infância, período que fui feliz. Não que não tivesse sido feliz mais adiante, fui e muito, só que lá, eu desconhecia qualquer dor, alem das provocadas pelos joelhos ralados nas quedas. Esses, minha mãe curava. Essa regressão é escapismo e um paradoxo para quem se diz guerreira. Mas vem cá, não sou a Mulher Maravilha. Apenas uma mulher cheia de contradições. Ser adulto é muito difícil. Ser sensato, coerente e centrado, além de lógico, tudo ao mesmo tempo, não é fácil.
Aonde quer que eu vá, aonde quer que eu vá
Quando você tem um mundo perfeito, construído, pedra por pedra, com muito carinho e sem aviso prévio, ele implode, sobreviver é só para os fortes. Mais difícil ainda é se inserir no mundo dos chamados “normais”, daqueles que nem sabem o que é um amor de verdade.Que distribuem “eu te amo”, como se fosse “bom dia”. Daqueles que acreditam que um amor substitui o outro. Daqueles que não possuem a sensibilidade para compreender a dor da ausência. Das falas vazias, tipo: -“você tem seus filhos”. Eu não deveria ter raiva dessas pessoas, deveria ter pena. Elas não entendem nada de amor. Eu deveria ter raiva daqueles que me dizem: "- ponha Deus no seu coração, vá rezar”. Não tenho, sinto pena. Eles precisam tanto de Deus quanto um aleijado de muletas. Não conseguem caminhar sozinhos.
Não sei bem certo se é só ilusão
É cômodo jogar tudo na mão de Deus, se jogar no conformismo, se livrar de sua carga e jogar nas costas de outro, mesmo que esse outro seja um Deus. Eu sei que a carga compartilhada fica mais leve, mas há tarefas que precisam ser executadas sozinhas. Eu nunca gostei de trabalho de grupo mesmo. Desde pequena, aprendi a confiar em mim e na minha força de reação.Eles não compreendem aqueles que preferem fazer tudo sozinhos. Eles não compreendem, aquele difícil e solitário momento da decisão, quando só com suas forças, decide recomeçar, apesar do terrível cenário de destruição.
Se é você já perto ou se é intuição
Sempre afirmei ser um ser imperfeito, sou egoísta, não gosto de interferência na minha vida, imagina se aceitaria intromissão nos meus sentimentos! O que relato aqui, jamais discuto no mundo real. Não sou dona do amor absoluto, mas do meu amor eu entendo. Mais importante ainda, eu sei que ele está sempre comigo. Eu descobri a presença dele nos menores acontecimentos do dia a dia. Não aparece como um fantasma para me assombrar, para me dar força, conselhos. Eu tenho sentido, fortemente, a presença dele perto de mim. Ele está no vento que me acaricia, na água da chuva que molha meu rosto, no vôo do pássaro que me encanta, ele é o passarinho que me acorda todas as manhãs com seu canto delicado e amoroso. Ele pode ser a singela flor, que chama minha atenção, quase sufocada pelas ramas verdes. Pode estar no sorriso dos meus filhos. Ele está em cada nota das músicas que eu gosto. Ele está dentro de mim.
Longe daqui, longe de tudo, meus sonhos vão te buscar.
Pode ser pura ilusão, posso estar buscando zonas de escape, posso estar sonhando acordada. Quem sabe? A minha intuição diz que não. Tenho andado tão calma e feliz, como quando ele estava comigo. Quando ele está perto de mim, o mundo gira mais devagar, o relógio é apenas um detalhe e não um marcador das horas que me senti longe dele. Estão longe, distantes mesmo, os meus momentos de confusão, quando eu o acusava de ser um traidor, havia me prometido nunca ir embora, antes de mim. Como fiquei furiosa com ele! Eu sempre acreditei nele. Quando ele partiu e me deixou sozinha, me senti uma criança abandonada. Que agonia! Que momentos tenebrosos! Perdida na escuridão sei que ele tem me conduzido, pela mão, durante estes sete anos que nos separam fisicamente, em busca da salvação da minha alma, me levando em direção ao a luz, ao sol, ao aconchego dos seus braços, ao seu colo, que é meu lugar.
Volta prá mim, vem pro meu mundo, eu sempre vou te esperar.
Café?
quarta-feira, 11 de abril de 2012
a bailarina
Às vezes procuramos uma coisa e achamos outra. Acordei com vontade de ler poesia, levo a mão a estante e aleatoriamente minha mão cai em Clarice Lispector - se eu fosse eu. Imediatamente viajei para dentro de mim. O que eu faria se eu fosse eu? E por acaso eu não sou eu? Claro que não, eu sou um personagem e como tal, preciso seguir o roteiro. Como eu seria se conseguisse ser “eu” e não a Tania? Dei asas a minha imaginação e voei, mesmo com as asas cortadas.
Lembrei de mim criança, momento importante na minha vida, foi lá que começaram a me moldar, foi lá que começaram a escrever o meu papel no teatro da vida. Eu acabei por incorporar o personagem e atuar, quase à beira da perfeição. Algumas falas eu esquecia, mas improvisava e assim venho trazendo o personagem comigo e o representando dia após dia.
Nasci menina, gostava de ser menina, jamais pensei em ser um menino, principalmente por achar que todos eles eram um tanto tolos, para meu gosto. Eu amava a liberdade que eles tinham! Não concordava e ainda não concordo com as limitações impostas às meninas. Eu não conseguia ver nenhuma diferença tão fundamental entre os meninos e eu, a não ser o fato deles serem meninos. Porque eu precisava brincar com bonecas ou de casinha se eu preferia subir em árvores? Eu subia melhor que meu irmão. Nunca considerei justas essas regras.
Claro que eu era uma fonte constante de preocupação e desespero para minha mãe. Sempre que ela vinha com o aviso de que eu não poderia fazer determinada coisa, por ser menina, eu questionava o motivo. A resposta era sempre uma só :“Você é uma menina , não fica bem e não se discute mais esse assunto.” Grande resposta essa ! Não esclarecia nada e me deixava furiosa. Eram inúmeras as regras para as meninas, desde a maneira de sentar até pegar os talheres com elegância, entre outros absurdos. Para os meninos tudo era aceito. Como eu invejava aquela liberdade deles! Ao longo da vida percebi que as vantagens deles sobre as mulheres eram bem mais amplas do que eu imaginava.
E se eu fosse eu, como seria? Eu tinha vários sonhos! Todos eles para sonhar sozinha. Não queria compartilhar nem um deles. Eu aprendi que precisamos de uma certa dose de egoísmo para sobreviver. Tudo bem, sei que exagero muitas vezes.
Claro que nos meus sonhos, brincar de casinha ou de bonecas, não havia espaço. Eu achava terrível a vida que minha mãe levava, não queria aquilo para mim. Meu pai saia cedo para o trabalho, quando vinha almoçar, encontrava a casa limpa, comida na mesa, filhos limpos e comportados. Será que ele sabia o trabalho que ela passara para oferecer tudo aquilo a ele? Eu tinha pena dela, mas não colaborava me comportando como ela desejava. Não achava justo meu pai na rua, interagindo com outras pessoas e ela presa naquela rotina, sem nenhum tempo só para si mesma. Descobri mais uma injustiça contra as mulheres, trabalho escravo e em confinamento.
Eu sonhava, não poderia compartilhar com minha mãe. Ela não entenderia. Uma vez até tentei, ela me olhou espantada se questionando onde fora que errara tanto na minha criação. Eu disse a ela que queria ser bailarina, esse era meu sonho. Foi como se eu tivesse dito que meu sonho era trabalhar num prostíbulo Ela me disse para nunca mais repetir aquilo e que eu seria professora, esse sim, um serviço decente e apropriado para as mulheres, isso seu eu quisesse um dia trabalhar ou meu marido permitisse. Disse que achava improvável alguém querer casar comigo se eu não mudasse meu comportamento. Não me preocupei nem um pouco com a previsão dela. Marido não fazia parte dos meus sonhos. E eu pensando que fosse um sonho viável! Nunca mais compartilhei meus sonhos com ela.
Eu amava a dança. Amava a leveza, a liberdade de expressão, a delicadeza, a sensualidade e o poder de sedução. No palco, as bailarinas voavam, eu queria voar. Confesso que até hoje, quando assisto um espetáculo de dança, sinto uma certa inveja e uma saudade do que eu poderia ter sido e não fui. Quando meu voo foi cortado, como sou sobrevivente, me voltei para a música. Eu ouvia a música e em imaginação, eu dançava. Até hoje faço isso.
Logo após essa decepção, eu desejei ser homem! Foi essa a única vez que desejei ser um homem. Eu queria ser um marinheiro. Na verdade um fuzileiro naval , um "mariner". A hipótese de uma guerra não me preocupava, era algo distante, para mim. Viajar pelo mundo a fora, parando de porto em porto, conhecendo lugares exóticos, era meu maior sonho. Era sinal de liberdade. Esse sonho era influência do cinema americano. Não pensava que eles não eram tão livres como eu imaginava, mas eu fantasiava. Singrar os mares, soltar as amarras, era tudo o que queria. Nem pensava que eu já havia viajado de navio e vomitara durante todo o percurso, fora o enjoo constante. Nos sonhos o mundo é perfeito. Diante da impossibilidade de me transformar num homem, acabei desistindo desse sonho também. Ainda me vejo, ao olhar o mar, partindo para o desconhecido em busca de liberdade.
Como ser eu mesma? Impossível ! Eu cresci, me adaptei, me tornei professora, com minha mãe queria, me apaixonei irremediavelmente, casei, tive filhos e fui feliz, mesmo não sendo eu mesma. Hoje tenho a liberdade de ser eu mesma, mas tenho responsabilidades e essas continuam me impedindo de ser eu mesma. Eu fui feliz sendo a outra então é melhor deixar a "eu mesma" quieta, no canto do imaginário. Lá, ela pode ser livre. Lá ela não é responsável por ninguém, apenas livre. Não vou perdoar a Clarice!
"Cada um vive atrás das grades que carrega consigo." (Franz Kafka)
Café?
domingo, 18 de dezembro de 2011
rompendo paradigmas
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
a dança das folhas
Chove lá fora, estaria tudo cinza se não fossem as folhas secas e avermelhadas das amendoeiras, executando sua dança, regidas pelo vento, em alegres revoadas. Dias chuvosos e enevoados são tristonhos. Trazem para a alma uma certa nostalgia, uma saudade dos dias ensolarados.
Meus olhos inquietos passeiam pela vidraça sem perder o ballet das folhas. A chuva recomeça a cair mansinha, mas intensa, criando uma cortina de voal na minha frente, ofuscando a dança das folhas avermelhadas. Tenho vontade de abrir essa cortina com minhas mãos para poder continuar a assistir ao espetáculo.
Nunca entendi, mas em vários momentos da minha vida, não sei se é o mesmo, mas é sempre o mesmo tipo, aparece um pássaro. Ele é bem pequeno e nas cores marrom e amarelo. Tem um canto tão delicado! Não vou questionar o motivo dele não ter procurado abrigo da chuva. Agradeci a presença dele, que logo voou e ,desapareceu, como sempre faz quando vem me ver.
A noite caiu, tudo escureceu lá fora, agora só vejo janelas iluminadas, como se fossem olhos de animais me espiando. Fechei a cortina. A vida continua.
Café?